Dia de Gibi Novo: Why I Hate Saturn
De maneira semelhante a Chris Bachalo e Bill Sienkiewicz, Kyle Baker era um artista melhor quando ainda não era o Kyle Baker. Pode ser preguiça - os fãs vão comprar de qualquer jeito - ou simples falta de bons editores, mas o trabalho do cartunista escritor se deteriorou muito nos últimos anos. Basta comparar suas Plastic Man atuais com a mais antiga Why I Hate Saturn, graphic novel de 1990.
Aqui, o roteiro e arte são muito bem amarrados, ao contar a história de Anne Merkel, colunista de uma revista de Nova York para descolados. Com um prazo de livro estourado, Merkel passa a maior parte do tempo bebendo, reclamando da vida com seu amigo Ricky e fugindo de editores. As coisas começam a mudar em sua vida com a chegada da sua irmã, muito mais saudável que ela: vegetariana, organizada, disciplinada e que acha que veio de Saturno.
A primeira parte da história lida com o choque entre os estilos de vida das duas. Os diálogos rápidos e situações cotidianas à Woody Allen são bem servidos pela arte do ainda disciplinado Baker. Seu domínio das expressões faciais complementa e amplifica o texto, que fica sob as imagens, como em Príncipe Valente. O que torna Why I Hate Saturn uma hq, em vez de uma história ilustrada, é justamente essa sinergia, que se perdeu nos trabalhos posteriores do autor, que mais parecem stills de desenhos animados.
Na segunda parte, a história se transforma completamente, perdendo muito da graça. Os comentários sobre a vida em Nova York dão lugar a uma história vagamente policial boba. O clímax é particularmente decepcionante, ao apresentar uma solução totalmente inesperada e bastante forçada. Felizmente o epílogo restaura o cilma - bem mais interessante - da primeira parte.
26.12.04
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